
CUMPRIMENTO ANTITÍPICO DAS FESTAS DO OUTONO
Por César B. Rien
Apocalipse 1:10, no aramaico, contém a expressão YOMÁ D'KHAD'
BSÁBA (manuscrito Crowford), que traduzido é: "primeiro do sétimo". João não
estava se referindo ao primeiro dia da semana, como erradamente consta em
algumas Bíblias, onde se faz traduzir como domingo.
Tampouco se refere ao Dia do Juízo, como a tradução grega KURIOS
HEMERA induz a pensar. Mas também não era o Sábado, como a tradução DIA DO
SENHOR pode induzir. Quem traduziu essa expressão aramaica para o grego não
tinha noção de como a estrutura literária do Apocalipse está totalmente montada
sobre o significado profético das Festas do Outono, porque são elas que apontam
para o 2º Advento do Redentor Jesus Cristo.
"Primeiro do sétimo" é melhor traduzido como sendo o 1º dia do 7º mês,
que é o Dia das Trombetas (YOM TERUÁ). Ali, Jesus está fazendo a demonstração
a João de como o Dia das Trombetas se cumpre nEle, motivo pelo qual Sua voz soa
aos ouvidos de João como uma TROMBETA (Apo. 1:10 e 4:1). Não esqueçamos
que os tipos proféticos das Festas do Senhor de Lev. 23 sempre apontam para o
Messias de Israel (Jesus) e Sua Obra Salvífica. Assim, então, ao aparecer em visão
a João no DIA DAS TROMBETAS, o Senhor Jesus está demonstrando para Seu
Povo de que forma essa festa profética se cumpre nEle. Esse é o cumprimentocristológico do Dia das Trombetas, porque o YOM TERUÁ é a primeira das Festas
do Outono. Desta forma, o Salvador ressurreto e glorificado, tendo reassumido todas
as prerrogativas de Sua Divindade, mostra-nos, através do relato de João, que no
Dia das Trombetas antitípico foi dado início ao cumprimento do signficado profético
dessa festa prefigurativa. O YOM TERUÁ inaugura o período do JUÍZO
ESCATOLÓGICO, que vai do dia 1º do 7º mês (TISHRI) até o dia 10 (YOM KIPUR)
desse mesmo mês do calendário religioso judaico. Assim, o Juízo é inaugurado noDIA DAS TROMBETAS e é consumado no YOM KIPUR (DIA DA EXPIAÇÃO),
quando será fechada a Porta da Graça.
Isso não significa que o Juízo escatológico tenha acabado 10 dias após a
visão dada a João. Nada disso! Ali, na Ilha de Patmos, no Dia das Trombetas
daquele ano, foi inaugurado o início do período do Juízo escatológico. Por esse
motivo, o Apocalipse nos mostra a existência de SETE TROMBETAS que anunciama aproximação inexorável do DIA DO JUÍZO FINAL. Como há um período de 7
meses entre a Páscoa e a Festa dos Tabernáculos e como Deus ordenou a Moisés
que fizesse soar a trombeta no início de cada mês (lua nova), assim as SETE
TROMBETAS do Apocalipse assinalam o período de transição entre os eventos
ocorridos por ocasião do 1º ADVENTO e os eventos que apontam para o 2º
ADVENTO. Portanto, a sétima trombeta deve soar no 7º mês, sendo que o 1º dia
desse mês é o DIA DAS TROMBETAS. Leiamos o que Sir Isaac Newton afirma
sobre isso:
"Então a sétima trombeta anuncia o Dia do Juízo." (in As Profecias do
Apocalipse e o Livro de Daniel -As Raízes do Código da Bíblia, 1ª Edição Integral
em Língua Portuguesa, Editora Pensamento, São Paulo, 2008, pág. 194.)
Esse grande cientista completou sua obra científica até os 24 anos de
idade, passando, após, a dedicar o restante de sua vida ao estudo de Daniel e
Apocalipse. Passados quase 2000 anos da visão em Patmos, estamos aguardando
a finalização desse período, que ocorrerá infalivelmente no Dia do Perdão (Dia da
Expiação), com o fechamento da Porta da Graça, dando início às 7 últimas pragas,
as quais representam a inauguração da execução da sentença desse Juízo sobre os
ímpios, por haverem rejeitado a Salvação pela Graça e a Justificação mediante a fé
em Cristo, comprados para nós pelo Sangue de Jesus. Leiamos, agora, a explicação
do Rabino André Chouraqui sobre o Dia da Expiação:
"Yom kipur, o Dia das Expiações, dez dias depois [do yom Teruá], constitui
o grande sabá do ano -um jejum austero que prefigura o Juízo de Deus." (in Os
Homens da Bíblia, Editora Schwarcz Ltda., RJ, 1990, p. 128).
A Salvação é pela Graça, mediante a fé, mas o critério do Juízo são as
obras (1ª Ped. 1:17 e Apo. 22:12), porque elas revelam o caráter do crente (Ecl.
12:13-14). Por tal motivo, os que aceitam a Justificação pela Fé e a Redenção
Eterna são vistos no Apocalipse com vestiduras brancas, pois lavaram o caráter e o
alvejaram no Sangue do Cordeiro, ou seja, aceitaram a Graça dos efeitos salvíficos
do Sangue de Jesus derramado em favor deles na Cruz do Calvário (1ª João 1:7,
Heb. 9:14 e 10:22, Apo. 7;14 e 22:14).
Para eles, a Festa dos Tabernáculos (Apo. 7:9-15) representa a
apropriação do galardão que o Senhor Jesus lhes concederá como recompensa pela
fidelidade e pela obediência, apontados no Apocalipse como "os que guardam os
mandamentos de Deus e têm a Fé de Jesus" (Apo. 14:12). Nessa festa é celebradaa Remissão (=REDENÇÃO ETERNA), em cumprimento à ordenança da Torá (Deu.
31:10 e 12). Leiamos uma interpretação teológica da menção que o Profeta Zacarias
faz a essa festa:
"Zacarias 14:16-19 olha para uma celebração escatológica da Festa dos
Tabernáculos. Tempo virá quando todos os gentios se juntarão a Israel participando
neste festival e adorarão a Deus... Zacarias defende a idéia de que os gentios têm
que se identificar com Israel em sua libertação e peregrinação." (Garret, Duane A. in
Baker's Evangelical Dictionary of Biblical Theology, published by Baker Book House
Company, Grand Rapids, Michigan, USA. Topic: Feasts and Festivals of Israel.)
Ora, todos cremos que Zacarias foi inspirado por Deus ao escrever seu
livro. Portanto, Zacarias está expressando a Vontade de Deus no sentido de que nós
gentios façamos como Israel e também celebremos a Festa dos Tabernáculos em
nossas congregações. A interpretação teológica, acima, está plenamente afinada
com o fato de que antes do 2º Advento é essencial ocorrer a restauração de todas
as coisas (Atos 3:20-21). Paulo explica isso melhor em Rom. 11:11-29. Esse plano
está sendo sabotado pelo inimigo de Cristo, que leva os crentes a imaginar que
"tudo foi abolido na cruz", para contradizer a afirmação do próprio Jesus quando
afirmou:
"Não penseis que Eu vim abolir a Torá, não vim para abolir, mas para
cumprir. Em verdade vos digo que não passará um "i" ou um "til" da Torá até que
tudo se cumpra" (Mat. 5:17-19).
A cena de triunfo sobre o mal está registrada em Apo. 7:9-15, onde a
multidão é vista com folhas de palmeiras nas mãos celebrando a Festa dos
Tabernáculos diante do Trono do Cordeiro (comparar com Lev. 23:40, no que se
refere ao uso das folhas de palmeiras). O cientista Sir Isaac Newton, mais uma vez,
vem para nos ajudar:
"Os sete dias dessa festa eram chamados a Festa dos Tabernáculos.
Nesse período, os filhos de Israel habitavam em tendas e se regozijavam com folhas
de palmeiras nas mãos. A isso alude a grande multidão (...) com palmas nas mãos
(Apo. 7:9) e que aparece depois de selados os 144 mil..." (op. cit., pág. 218).
E ainda:
"Pois a solenidade do grande Hosana era realizada pelos judeus no
sétimo e último dia da Festa dos Tabernáculos. Naquele dia, os judeus levavam
palmas nas mãos, cantando Hosana." (idem, pág. 191).
E mais:
"O Templo é o cenário das visões, e as visões no Templo (Santuário)
estão relacionadas às festas do sétimo mês, pois as festas dos judeus eram
tipologias das coisas por vir. A Páscoa referia-se à Primeira Vinda de Cristo, e as
festas do sétimo mês referem-se a Sua Segunda Vinda. Como Sua Primeira Vinda
ocorreu muito tempo antes desta profecia ter sido feita, há aqui [no Apocalipse]
referências apenas às festas do sétimo mês." (ibidem, pág. 183/184).
Quem não se aprofunda em conhecer a Torá pensa que a afirmação de
que os salvos carregam palmas nas mãos se refere à flor palma. Isso é
simplesmente uma distorção do verdadeiro significado, porque as folhas de palmeira
simbolizam a vitória final de Cristo e dos salvos ao mesmo tempo que celebram a
realeza de YHWH. Deste modo, o Apocalipse deixa muito claro que o cumprimento
da tipologia das Festas do Outono ainda vai se cumprir em nosso futuro. Ora, se
ainda não se cumpriu, como pode, então, ter sido abolido? A menção à palavra
Tabernáculo, em Apo. 7:15, dá prova do cumprimento escatológico dessa festa.
Então ela não foi abolida por Jesus, apesar da insistência de alguns.
Vemos, assim, que a função do Apocalipse é fazer a demonstração do
cumprimento antitípico da tipologia das Festas do Outono, porque são elas que
apontam para o Glorioso 2º Advento do Messias de Israel, o nosso amoroso e
bendito Salvador Jesus Cristo. Portanto, as Festas do Outono estão em plena
vigência para os cristãos e através do Profeta Zacarias o Senhor Jesus nos orienta a
observarmos essa festividade assim como Israel o faz. Infelizmente, porém,
preferimos ouvir explicações filosóficas para desculpar nossa negligência em
cumprir este mandamento de Deus, o qual o Senhor Jesus não aboliu. Assim a
obediência de nós requerida pelo Pai, como sinal de nosso amor a Ele em resposta
a Sua Graça Maravilhosa acaba ficando prejudicada, como o inimigo gosta. É
lamentável isso! Meditemos nessas impressionantes cenas do Apocalipse.
MARANATA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário